20120714

dia 8, casa do sol

...
foi ontem, a sexta-feira 13
infatigável soma de olhos e guias
longevo pé nua terra
descendo ao pôr-do-sol
para figueira, ei-la
antíquissima, centro escolhido pela Hilda
quando desenhou a casa na palma da mão...
recolhida nos meus aposentos o dia toda todo
às 16h30, hora de meu quase nascimento, desci
e dancei dentro dela, da terra úmida, fria, viva
fiz os pedidos, disse a minha sorte, chamei-a, chamei-te

... Olga e Daniel desceram depois, sentamo-nos na mesa de pedra
e conversamos sobre os cães
subimos quando escurecia para fazer café
tudo estava revigorado, o perdido
perdeu-se para mais denso, a coisa
se engatinhou e abriu a boca, a luz dentro da casa
era dourada
e vermelha

à noite fomos para cidade,
a ideia era chegar a tempo de ver o circo K
peça sobre Kafka
mas a coisa se dando como dava, vivemos Kafka ao inves de simplesmente
vê-lo visto: nos perdemos pela cidade
cada informação era um círculo
dentro de outro círculo
dentro de mais outro
quando finalmente chegamos já era tarde
e enfim, saímos, a pé, à casa de Chico Fransé
um palacete dos anos 20 extremamente ali no tempo parado
(quase um contínuo com a casa do sol, mas urbano)
(vê-se sim bruxas e virginia woolf sentadas bebendo absinto) (ali)
(naquele sofá de veludo) (entre a coleção de chaves) (e ossos) (e conchas)
depois fomos, andantes, até a galeria que se inaugurava, Photografie, em Campinas
...

estou aqui
dia 8 -
descobri que há uma imensa borboleta negra
morta
dentro da lamparina
sobre a minha cama
que era de Hilda

dia 8
sexta-feira 13
a soma
ASSOMA










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