20120712

dia 6, casa do sol


novamente, cedo, ao jardim
os cães vão junto, todos, sobem na mesa, abaixo da figueira
há um balanço imenso esquecido ali, feito numa árvore mais imensa ainda
a mais imensa das árvores, esta para qual três pedidos se faz, e eu os farei amanhã
sexta-feira treze, com meu anel de cordeiro rubro, com estas minhas próprias mãos
o balanço parado, mas a corrente que o amarra à árvore já sensaciona longa o vôo
os dias, depois de dias, começam a perder memória, perder contornos
ontem, anteontem, amanhã são mesclas e fendas dentro de um mesmo um
eu já estou aqui há tempos
a graça da tarde ficou por conta das CANTÁRIDAS (veja no post abaixo)
que oh, sim, um primor tocas a pesquisa que Hilda fez para escrever sua trilogia obscena
e muito do mais hilário Bufólicas, que eu adoro. pesquisa séria. li trechos do "O elixir do pajé", do Bernardo Guimarães (aquele, que escreveu a Escrava Isaura), uau, desbunde, soltura, escrita. Adorei o título de um livro de Laurindo Rabelo, o "Camarões elétricos", e etc, coisas que ficam de fora do cânone, coisas que, assim como o Cantáridas, satisfazem o sim da literatura. "ridendo castigat mores", assim é.
...
as abelhas fazem a ronda.
sol, feijão preto no almoço, riso a sós.
(ainda gripada, ainda, ave)
muito café nos dias lentos, indistintos
retoques no SATURAÇÃO DE SATURNO
espera do texto, marcações, em algum lugar li isto ____ amor, uma viagem muito atormentada

Hilda, Hilda, às vezes esqueço que ela está. mas logo ali a mesa com os amuletos
a fogueira da casa acesa
estou aqui, dormindo em sua cama, lavando-me no seu piso, sob a dama com o unicórnio
brincando com os cães do teu afeto
ouvindo as vozes das pessoas que te confidenciaram a vida

vi na biblioteca dela um livro, sobressalente, sobre as famílias antigas de Orlândia
de repente o sangue, a opaca e invisível viagem do sangue
um tronco velho e real das mesmas imagens
circulando o tempo em que vivias aqui e eu agora na casa
vivo

espero, espero,
fotografando a branco e preto
os quintais e as quinas
deste encontro










Nenhum comentário: